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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|Quando somos espectadores da disfuncionalidade familiar

Os laços de amor ou de sangue nem sempre são suficientes para segurar uma família unida

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Foto do author Luciana  Kotaka
Atualização:
 Foto: Estadão

 

Era apenas mais um domingo em família, daqueles em que esperamos muitas risadas, conversas leves, piadas e um almoço recheado de temperos deliciosos. Os ingredientes tornam o todo muito especial, uma reunião familiar em que estamos inteiros, com a única finalidade de compartilhar amor. Como as relações não são sempre totalmente redondinhas, sempre há algumas arestas a serem aparadas, ainda assim cada um pode colocar sua dor em uma caixinha e no almoço levar o seu melhor, para que a harmonia seja o ingrediente principal.

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Mas essa não é a realidade de muitos. Infelizmente há muitas famílias disfuncionais, onde só enxergam a si mesmos, onde só prevalece a sua própria dor, a qualquer custo. Podem até não perceber em um primeiro momento o mal que espalha para os que estão ao seu redor, e quando recebem esse feedback de algum membro da família, rebatem, pois não querem assumir a responsabilidade das situações em que estão inseridas.

Não se pode ser feliz em uma família onde existem pessoas infelizes, é como se você fosse condenado a viver essa dor junto com eles, e quando você sai fora da situação contaminada ao perceber o movimento patológico que existe, você se torna a ovelha negra, aquele que traiu o acordo familiar, transgrediu a lei ao querer ser feliz.

Toda essa dinâmica é muito complexa, envolve um processo de autoconhecimento e ferramentas internas para conseguir sobreviver às dores, tristezas e crenças que mesmo não querendo, já nos contaminaram e determinam muito de nossas decisões e escolhas. Quando em um processo de terapia começamos a nos fortalecer e compreender como funciona o sistema familiar que estamos inseridos, vamos mudando aos poucos os nossos comportamentos, nossa percepção da vida, o que por um lado é um grande alívio, mas por outro pode exigir uma postura firme, com limites claros, entre o que irá permitir em sua vida ou não. Isso é, eu não quero ser infeliz e não irei permitir que a tristeza de vocês contaminem a minha vida.

Cada familiar faz a sua parte, estimulando mudanças, orientando, acolhendo e em muitos momentos, dando limites. É preciso somente ficar claro que na grande maioria das vezes as pessoas não querem mudar, pois essa mudança exige um esforço emocional muito grande e é muito difícil olhar para a vida e perceber que se errou e como isso promoveu discórdia e tristezas.

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Desta forma, cada um dentro do sistema familiar faz a sua parte o melhor possível, mas sabendo que é preciso sim respirar um ar mais leve, buscar a felicidade e principalmente buscar desenvolver a sabedoria emocional para fazer diferente.

Opinião por Luciana Kotaka
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