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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|Chutei o balde de novo e agora?

Entender como a ansiedade age no nosso comportamento é um caminho assertivo na busca do corpo saudável

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Foto do author Luciana  Kotaka
Atualização:
 Foto: Estadão

Uma loucura como a ansiedade pode ser tão forte a ponto de determinar a vida de tantas pessoas, mas isso é o que vejo todos os dias em minha clínica. Pessoas que comem em excesso por ansiedade engordam, têm insônia, com isso gerando um ciclo compulsivo interminável, porque quando se pensa que está bem e dominou o tal bichinho, logo chegam os sintomas novamente.

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A ansiedade gera uma sensação estranha, como se algo fosse acontecer e não se sabe o quê exatamente, inquietação, coração acelerado, não relaxamos e nem conseguimos nos concentrar, mas existe uma solução, pelo menos momentânea: a comida!

Boa desculpa, mas garanto que não é o melhor caminho. Comemos por nos sentirmos ansiosos, dessa forma vamos ganhando peso e quando nos damos conta estamos muito acima do que seria o ideal para nossa saúde.

Aí a coisa fica preta, quanto mais o desespero bate, mais a ansiedade aumenta e mais queremos comer, principalmente se for um delicioso pedaço de torta, uma barra de chocolate e quem sabe um quindim.

Justamente por todos esses fatos é que emagrecer requer muito mais do que simplesmente querer fechar a boca, há uma série de estímulos emocionais que servem de gatilho para consumirmos sem pensar numa grande quantidade de comida.

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Tratar a ansiedade requer um pouco de foco, afinal ela atrapalha muito e toda a programação que traçamos para o dia seguinte vai por água abaixo. Ouço relatos como esse diariamente: "Todo dia acordo e digo para mim mesma, vou fazer tudo direitinho hoje, porém no decorrer do dia deslizo e quando me dou conta, já desisti e comi tudo que tinha vontade".

A tristeza, a sensação de impotência e a determinação vão pelo ralo abaixo, aí é preciso correr atrás do prejuízo e recomeçar. Porém, quando falamos em ansiedade, vemos que existem algumas opções de tratamento, dentre elas a hipnose.

Apesar de vários mitos a respeito dessa técnica, a Hipnose Ericksoniana vem sendo estudada há muitos anos, sendo que Milton Erickson foi o precursor de todo trabalho que hoje aplicamos na clínica, hospitais e até na área jurídica.

Quando o foco é trabalhar a ansiedade, a hipnose se mostra incrivelmente eficaz, levando os pacientes a um estado de relaxamento muito grande, promovendo o bem-estar e as mudanças de comportamentos. Isso porque o trabalho agrega outras ferramentas e muitas possibilidades de atuação na clínica e nos sintomas.

Quando a ansiedade diminui, o consumo alimentar muda, o paciente consegue pensar antes de comer, escolher o que irá colocar boca adentro, assim não usando a comida como forma de conforto rápido. Esse processo possibilita que o paciente e o terapeuta possam investigar o que vem promovendo a ansiedade e buscar soluções e mudanças efetivas para a situação problema, sem que a comida volte a ocupar um lugar de não solução, e sim de mascarar algo que não está legal na vida de uma pessoa.

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Lembrando que sempre que buscamos mudar, ou melhorar um comportamento, é necessário que o paciente entenda que parte do tratamento está em suas mãos, isso é, que se responsabilize por seguir as orientações, exercícios e, principalmente, que se comprometa verdadeiramente não com o terapeuta, mas consigo mesmo.

Opinião por Luciana Kotaka
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