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Comportamento, saúde e obesidade

Opinião|A moda das relações superficiais

Mudar a postura frente às pessoas com quem convive traz uma imensa satisfação pessoal

Foto do author Luciana  Kotaka
Atualização:
 Foto: Estadão

Ela liga e te chama para sair, afinal você sempre está disponível para qualquer programa. Isto é ótimo, amiga de curtição. Essas amizades são bacanas para quem quer somente curtir a vida, mas e as amizades que acolhem, onde elas estão? Ou, conheço um cara e logo fico com ele, depois vem a frustração e a sensação de vazio que se fica no dia seguinte. Mas até onde se está disponível para um relacionamento de entrega?

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Tenho feito essa pergunta por que com frequência percebo esse movimento, não só nos adolescentes, mas entre adultos, um relacionamento tipo: estou contigo até onde estiver comigo, mas na primeira situação em que quiser algo diferente ou expor outra forma de pensar, está fora.

Relações superficiais sempre existiram, fazem parte do contexto social, tratar o outro bem, se relacionar com quem não gosta, mas que precisamos aceitar. Mas será que precisamos estender esse comportamento para todos os âmbitos de nossa vida?

Nunca me esqueço de um dia que presenciei um pedinte e fiquei com uma sensação de dor tão grande quando a pessoa que estava próxima disse: não me preocupo com isso, simplesmente não penso, assim é mais fácil.

Estamos vivendo um momento onde tudo é superficial, talvez seja resultado de tantas decepções, do não saber como lidar e resolver algo. Parece que o buraco é tão grande que perdemos a noção de por onde começar, de como mudar o que já está estabelecido em nossa cultura.

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Acredito que todos nós somos sensíveis a dor do outro, em menor ou maior nível, mas somos, porém cada pessoa reage de uma forma frente a essas situações, uma delas pode ser a indiferença. Não querer ou não poder dar conta do outro, deixando de lado tudo o que pode na verdade dar certo trabalho.

Emprestar o ombro amigo dá trabalho sim, precisamos parar e achar um tempo, deixar algumas obrigações de lado e ceder com carinho ao outro, que de alguma forma está precisando de um colo.  É preciso ter disponibilidade e coragem para entrar em contato com a dor do outro. Não é à toa que os consultórios de psicologia estão lotados, muitas pessoas recorrem a nós profissionais para serem ouvidos em sua essência, querem acolhimento, pois algo tão simples que é somente ouvir, tem se tornado cada vez mais difícil de fazer.

Tem muitos momentos em nossas vidas onde precisamos somente de um abraço, de um ouvido. Vou deixar claro aqui que ouvir sem julgar é algo raro, só pensar em como é difícil não ficarmos dando palpites, contar como superamos algo. Mas devo lembrar que nem sempre essa conduta funciona, pois quando a dor é grande, não queremos isso, só buscamos conforto de um colo amigo.

Dicas importantes:

- Tente ouvir e não falar;

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- Entender que cada pessoa tem seu limite para a dor e lida de uma forma com as situações que talvez você nem se incomodasse;

- Esteja inteiro nos relacionamentos, sejam de amizades ou de relacionamentos afetivos;

- Não negue um colo, você ainda irá precisar de muitos durante o curso de sua vida, acredite.

Opinião por Luciana Kotaka
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