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Comportamento Adolescente e Educação

Mãe, eu aprendi a dobrar roupa

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Por Carolina Delboni
Atualização:

"Em 5 segundos". "Mãe, eu já fiz amigos". "Agora vai ter futebol americano e hoje à noite é o dia da festa". "Foi muito divertido! Meu quarto fez um grito de guerra que é muito legal". "Tchaaauuuuuu."

 

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Filho em acampamento nas férias é assim. De repente eles crescem e pedem pra ir. Às vezes com amigos, às vezes sozinhos. Mas não importa. Porque vão abertos. De peito aberto. Bastou entrar no ônibus e ter alguém do lado pra fazer um novo amigo. Amigo mesmo. Daqueles que pedem pra ver depois das férias. Trocam telefones e fazem grito de guerra juntos. Têm histórias juntos pra contar. Têm memória.

 

Ah... as lembranças de um acampamento são inúmeras. Quantas coisas boas pra preencher o coração. E, por que não, quanta independência. Quanta coragem. E segurança. Sim, tem tudo isso aí quando uma criança decide ir pra um acampamento. Sem lenço e sem documento (mas a gente coloca uma cópia na mala, mesmo assim). É uma conquista. Sair do aconchego da casa, da segurança dos pais, da mordomia em que vive (mesmo para as crianças que ajudam nas tarefas), dos amigos e lugares conhecidos. Vão desbravar o mundo. Na mesma proporção que são capazes. Sabe quando na juventude a gente põe a mochila nas costas e entra no ônibus? É exatamente a mesma sensação. E com a mesma certeza de que estamos prontos.

 

Chegamos lá e descobrimos que vamos precisar arrumar a cama; limpar o banheiro coletivo; manter as coisas organizadas; não entrar com sapato sujo no alojamento/ quarto; levar o prato pra cozinha quando acaba de comer; participar das atividades mesmo se não quiser (duvido que isso aconteça, mas...); dormir sozinho; chorar sozinho; sentir saudades sozinho; falar sem ajuda dos pais; se comunicar com o mundo; fazer amigos; seguir regras; burlar as regras (com as típicas brincadeiras entre alojamentos); e por aí vai. A lista, que é extensa, e parece assustadora, é divertida pacas! Porque a alegria de poder descobrir e fazer sozinho é tão gigantesca que a gente fica feliz. E quando você menos espera o filho te manda um email dizendo que aprendeu a dobrar roupa e, melhor, em 5 segundos! Olha só que conquista. A dimensão desses 5 segundos é praticamente infinita. Mesmo.

 

E eles crescem, e pedem pra ir de novo nas próximas férias. E dá um orgulho danado saber que você está criando filhos para o mundo. E que, no mundo, vão saber se posicionar, se colocar, se comunicar. Quem tem boca vai a Roma, não é assim que se diz? Que vocês possam ir aonde tiverem vontade, e aonde o coração de vocês sentirem vontade de ir. Longe ou perto, aqui ou ali, tanto faz. Estarão preparados, e isso é o que importa. Vão lembrar dos acampamentos. É assim que a gente recorda as boas histórias que vivemos. Vivendo. E vivam.

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