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Crônicas filosóficas

Sobre a dieta vegetariana

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Por Jair Barboza
Atualização:

[Vegetais. Fonte: Wikipedia]

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É delicado falar sobre vegetarianismo num país que é o maior produtor mundial de carne. Não pretendo aqui converter ninguém, apenas filosofar um pouco sobre o assunto.

Dificilmente encontram-se opções vegetarianas em restaurantes (embora aos poucos as coisas mudem). Vê-se o vegetariano como alguém que come comidas pouco saborosas. O churrasco e a feijoada é quase que uma obrigação nacional. Se não bastasse isso, o Brasil ainda almeja tornar-se o maior produtor mundial de peixes e tem até um ministério da pesca.

Mas as coisas nem sempre são o que parecem. Por diferentes razões aumenta o número de vegetarianos no Brasil e no mundo: por questões éticas (o triste fim dos animais que vão para o abate e sabem que vão: decerto menos pessoas comeriam carne se a churrascaria ficasse ao lado do abatedouro e se vissem ali a cena de gemidos de sofrimento pela certeza da morte, sangue por todos os lados, etc.); por questões dietéticas (menos calorias no organismo); por questões cardíacas (menos colesterol), entre outras.

De fato as coisas não são o que parecem. Comida vegetariana pode ser muito gostosa. Aliás, o que há de bom num churrasco não vem da contribuição do sal? Imaginem um churrasco sem sal. O que há de bom na feijoada não é o tempero e o sal? Imaginem uma feijoada sem tempero e sal.

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Uma boa comida vegetariana pode conter, conforme o gosto de cada um, coentro, cebola, alho, manjericão, hortelã, louro, sal, pimenta, azeite de oliva... Uma das receitas que mais gosto de levar ao forno é: legumes bem temperados regados com azeite de oliva e vinho branco (ou espumante).

Boa parte da cozinha oriental e italiana deixam de lado a carne. Basta pensar nos enroladinhos japoneses de arroz (sushis, que na verdade são de origem chinesa) recheados com pimentão ou pepino ou morango ou manga, enfim, pode-se usar a imaginação e os olhos para o recheio, e ao lado uma porção de molho shoyo; da bela Itália pensemos na "pasta di semola di grano duro" (massa sem ovo) ao molho de tomate com manjericão e azeitonas, nos pães que podem acompanhá-la, na famosa bruschetta semeada de manjericão e tomate em pedacinhos (dizem as boas e más línguas que a melhor bruschetta é a comida em casa...).

 Foto: Estadão

[Bruschetta. Fonte: Google imagens]

A tradicional salada de folhas, tomate, palmito, cebola, limão e azeite de oliva não é nada mal num dia escaldante de verão, devido à sua leveza.

Por sinal, as crianças geralmente costumam ser obrigadas pelos pais a comer carne. Mas muitas daquelas crianças educadas na dieta vegetariana não vão sentir falta de carne. Assim como há uma educacão para comer bifes (patrocinada pela indústria do abate), pode haver uma educacão para comer vegetais, de preferência "orgânicos", isto é, sem agrotóxicos, pois o câncer que muitas pessoas desenvolvem hoje em dia é em parte originado dos alimentos com pesticida ou dos alimentos embutidos em conservante.

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Posso assegurar: a dieta vegetariana faz muito bem à saúde, especialmente à pele, ao sangue; dificilmente um vegetariano precisará fazer cirurgia para a redução do estômago.

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Para quem desejar tornar-se vegetariano, porém ainda é carnívoro, aconselho que o faça lentamente. Primeiro elimine a carne vermelha, espaçando e diminuindo a porção semanal; depois de eliminada, repita o mesmo em relação à carne branca; ao mesmo tempo vá acrescentando massas e vegetais bem temperados, para enfim escolher se se torna um ovo-lacto-vegetariano (que ainda ingere derivados animais como leite e queijo) ou se se torna um vegano (que evita derivados animais). Isso não é nada do outro mundo. Aliás, diz-se que metade da população indiana é vegetariana. Para quem já foi num bom restaurante indiano, aqueles temperos nos elevam ao céu!

E, claro, para acompanhar, nada melhor que um bom vinho ou espumante rosé, no verão, e um bom cabernet sauvignon, no inverno.

[Prometo que num próximo texto publico a minha receita psicodélica de legumes gratinados e o vinho que melhor se harmoniza com ela.]

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