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Crônicas filosóficas

Catherine Deneuve e o direito à paquera desajeitada

Algumas semanas atrás um grupo de mulheres francesas resolveu bater de frente contra o politicamente correto, mais especificamente contra as feministas.

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Por Jair Barboza
Atualização:

Catherine Deneuve, a musa do cineasta Polanski em "Repulsa ao sexo", a musa do cineasta Luis Buñuel em "A bela da tarde", dentre outros bons filmes dela, capitaneou um manifesto, que, numa das passagens, diz que as mulheres francesas que o assinam compreendem o impulso sexual como inerentemente ofensivo e selvagem, e que, se de um lado a violência no assédio sexual é inadmissível, por outro lado nem toda paquera desajeitada é assédio.

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De fato, convidar alguém para jantar, pedir o telefone, fazer um galanteio, beijar no rosto, como é comum na América Latina, como forma de cumprimento etc., alguém em sã consciência acha isso assédio sexual?

Ademais, nossa época, que promoveu e promove a emancipação da mulher, garantiu-lhe também o direito de dizer não. Associe-se a isso o fato de o acasalamento, no Ocidente moderno, ser feito por aproximações, geralmente a masculina, que se dão seja na igreja, na escola, na festa de aniversário, na universidade etc. Como fazer isso sem algum tipo de "cantada"?

O problema é quando o "não" feminino é desrespeitado. Aí sim, começa a violência.

Dizer que aproximar-se de uma mulher por meio da paquera, desajeitada que seja, é uma forma de assédio sexual, é entrar naquela zona de censura, que, em vez de proteger a liberdade feminina, reforça em verdade o machismo, ou seja, considera a mulher como um vazo chinês de porcelana que qualquer movimento brusco pode quebrar.

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Se o pensamento feminista continuar nessa tom, a ponto até de classificar a relação sexual como um tipo de  estupro, como já tem gente assim pensando, então isso traduz um ressentimento que é culpar o homem pelo fato de ele ter nascido com um pênis no meio das pernas, e não querer tirá-lo dali.

Enfim, gosto do ditado: nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Uma paquera desajeitada e coisa parecida, sem constrangimento, e com respeito ao não, concordo com as mulheres francesas do manifesto citado - não é assédio sexual.

 

 

 

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