Das fotos em papel
na caixa de sapatos.
Do fim dos 80/
começo dos 90
e do dia que ouviu Smells Like Teen Spirit na rádio.
Da dificuldade de colocar lentes de contato.
Do primeiro dia de faculdade.
De escapar do trote.
Dos primórdios da internet
discada.
Do Bug do milênio
e o novo corte de cabelo.
Das peças de teatro
e da crença de que se tinha algo por dizer.
A namorada que não foi
Além da que não veio.
De quando a morte era só um Tamagochi.
De quando a morte era um Tamagochi comprado das mãos de um contrabandista coreano na Galeria Pajé.
A memória é o paraquedas que suaviza a descida.
Mas o tempo é o chão.
O chão.