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Psiquiatria e sociedade

Opinião|A luta contra o preconceito

Levar informações corretas é a melhor maneira de combater o preconceito que cerca a psiquiatria. Pensando nisso a Rádio Estadão e o IPq se uniram para criar o programa HumanaMente, que estreia nesse sábado, dia 4/7. Não perca.

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Atualização:

Depressão. Síndrome do pânico. Alcoolismo. Esquizofrenia. Dependência de crack. Anorexia. O sofrimento que cada uma dessas doenças traz para os pacientes é diferente conforme o diagnóstico. Mas todas as pessoas acometidas sofrem uma coisa em comum: preconceito.

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O estigma que cerca os transtornos mentais é antigo. E resistente. Se Einstein disse que eram tristes nossos tempos, em que é mais fácil quebrar um átomo do que um preconceito, essa dificuldade é multiplicada no caso dos problemas psiquiátricos. E isso não aflige apenas quem tem diagnósticos potencialmente mais "graves", como esquizofrenia ou dependência química.

O paciente com depressão por exemplo, é frequentemente cobrado por não reagir, por não querer melhorar. A família e os amigos esperam algo que muitas vezes estão incapacitados para fazer - não conseguem reagir e não demonstram desejo de melhorar justamente porque a doença lhes minou a energia e a vontade. E seguem sendo cobrados e taxados de preguiçosos. E quem sofre com transtornos ansiosos? Todos os dias alguém vem lhes dizer que se controlem, que precisam aprender a relaxar e não ficar tão tensos. Quando é a própria capacidade de controlar a ansiedade que adoeceu nesses casos, tornando impossível relaxar. E tome mais preconceito. Esses casos mais "leves" até sofrem menos estigmatização do que a esquizofrenia, por exemplo. Mas são tão comuns na população geral que formam uma verdeira multidão de gente sofrendo "pequenas" discriminações no dia-a-dia. Assim, os prejuízos desses estigmas podem até superar o das doenças "graves".

Uma das maneiras mais eficazes no combate ao estigma é a educação. Iniciativas que levem informações adequadas às pessoas são essenciais nessa luta, mas infelizmente a psiquiatria só é notícia quando alguma coisa ruim acontece, dando a impressão - falsa - de que os pacientes são uma ameaça constante. O que só aumenta o problema.

Foi pensando nisso que a Rádio Estadão, em parceria com o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o IPq, estreia nesse sábado, dia 4 de julho, o programa HumanaMente. A repórter Camila Tuchlinski e eu entrevistaremos especialistas em saúde mental e comportamento, diretamente do IPq, criando uma agenda positiva para a psiquiatria. Transtornos mentais, comportamento humano, avanços das neurociências, tudo será tratado de forma séria mas acessível, esclarecendo a população e combatendo o estigma que cerca as doenças mentais.

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O programa será transmitido todos os sábados, às 12h30, em FM 92,9 e pelo site da Rádio Estadão. As gravações são abertas ao público, que pode fazer perguntas aos entrevistados. Elas ocorrem no auditório do IPq, e a próxima será no dia 17 de julho, a partir das 9h.

Seja como ouvinte, seja acompanhando as gravações, todos estão convidados para embarcar conosco nessa iniciativa.

Opinião por Daniel Martins de Barros

Professor colaborador do Dep. de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Autor do livro 'Rir é Preciso'

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