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Uma alimentação consciente no paraíso da comilança

Frutas reduzem risco de morte e aumentam a fertilidade

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Por Juliana Carreiro
Atualização:

 

Recentemente, três estudos científicos voltaram suas atenções para as frutas e descobriram novos benefícios delas para a nossa saúde. Desde pequena tenho o hábito de consumi-las e as vejo como aliadas. No ano passado, publiquei aqui um post sobre a queda no consumo desses alimentos, nas últimas décadas, no Brasil. Um dos países com a maior oferta de frutas, para todos os gostos, está tendo uma queda constante no seu consumo. Espero que os novos argumentos que vou apresentar façam com que elas voltem a ser vistas com outros olhos.

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Pra começar, um estudo publicado pelo Journal of Epidemiology & Community Health concluiu que quem consome no mínimo 7 porções de frutas e vegetais por dia tem 42% menos chance de morrer por qualquer problema de saúde. De 2001 a 2013, pesquisadores ingleses analisaram os hábitos alimentares de mais de 65 mil pessoas para chegarem a estes dados. O risco de morte por câncer caiu 25% entre os que comiam pelo menos 7 frutas por dia e o risco de morte por doenças do coração nesses casos diminuiu 31%. Para aqueles que consumiam de 5 a 7 porções por dia, a queda foi de 36%, entre os que comiam de 3 a 5, foi de 29% e para aqueles que ingeriam de uma a três, a redução no risco de morte foi de 14%. De acordo com o autor da pesquisa, Oyinlola Oyebode, "as pessoas não precisam se sentir obrigadas a alcançar sete porções. É sempre benéfico consumir frutas e vegetais, em qualquer quantidade. No nosso estudo, até os que comeram de uma a três porções tiveram resultados significativos". O estudo não explicou as causas desses números tão expressivos. Mas eu não preciso de explicações científicas para gostar de frutas e para entender que elas me fazem muito bem.

Não é só a nossa saúde física que agradece. O aumento no consumo de frutas também pode gerar felicidade, foi essa a conclusão de um estudo publicado pelo American Journal of Public Health. Durante dois anos, pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, e da Universidade de Warwick, na Inglaterra, analisaram a rotina alimentar e o bem-estar de mais de 12 mil adultos para descobrir se o consumo de frutas e legumes provoca algum efeito psicológico. A resposta foi positiva. Foi registrado um aumento no nível de felicidade para cada porção extra de frutas e legumes consumida por dia, até um limite de oito porções. É bom registrar que essa relação se manteve mesmo quando considerados outros elementos, como mudança de renda, por exemplo. Embora não tenham confirmação, os pesquisadores acreditam que esse efeito pode ser causado pelos antioxidantes presentes nas frutas. Outras publicações relacionam o aumento da sensação de felicidade, provocada pelas frutas, ao aumento da serotonina. O neurotransmissor tem um papel importante na regulação do humor e o seu aumento está relacionado à vitamina B12, presente nas frutas e nos vegetais.

Outra publicação, apresentada durante o encontro anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, concluiu que, entre os entrevistados, os casais com dificuldades para engravidar consumiam menos frutas, vegetais e leguminosas do que os casais férteis. Cerca de 44% dos homens férteis comiam frutas e vegetais diariamente, já entre os que apresentaram dificuldades de concepção, esse índice caiu para 34%. As mulheres grávidas ou que já eram mães, também comiam mais feijões, vegetais e frutas, do que as que estavam tendo dificuldade para engravidar. Além disso, a pesquisa não registrou diferenças quanto ao consumo de cereais, carne vermelha, aves e peixes entre os dois grupos. De acordo com um dos autores, Andrea Salonia, pesquisador do Hospital San Raffaele, de Milão, "o consumo de frutas e vegetais pode ser particularmente bom para a fertilidade masculina porque esses alimentos possuem compostos considerados protetores contra danos ao esperma". Segundo o coautor do estudo, Eugenio Ventimiglia, "pessoas que comem muitas frutas e vegetais tendem a ingerir menos alimentos gordurosos e isso favorece um corpo mais saudável, e quanto mais saudável o paciente, maiores as chances de se reproduzir". Este tema é bastante complexo e a influência da alimentação na fertilidade pode ser muito maior do que imaginamos, Por isso, na semana que vem falarei sobre alimentos que colaboram com o processo de fertilização e sobre aqueles que o atrapalham.

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