Em meio a tanta gente, a tanto glitter, a tanta música - ali embaixo do guarda-sol, ao lado da caixa de isopor onde se garante a cerveja gelada - estão crianças trabalhando nos blocos do Carnaval de Rua de São Paulo. Nesses dias todos de festa, era tanta informação, que elas passaram quase invisíveis aos olhos dos foliões. Não apenas deles.
Em uma reportagem que fiz para o projeto Chega de Trabalho Infantil, entrei em contato com a Prefeitura de São Paulo, que disse que a responsabilidade é da empresa DreamFactory, produtora do evento, selecionada por meio de um edital de chamamento público. A empresa conta que orientou os vendedores. Mas e as crianças? Ainda estavam lá. Antes, durante e após o Carnaval.
Não houve confete e serpentina para elas. Além de perderem a brincadeira, garantida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ficaram expostas ao sol da estação mais quente do ano, em contato constante com bebida alcoólica. Este perfil faz com que o trabalho infantil nos blocos de Carnaval seja enquadrado na lista das piores formas de trabalho infantil, da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
As causas do trabalho infantil são sempre as mesmas: vulnerabilidade social. Não é possível culpar as famílias. Falta escola de qualidade, falta saúde e falta um emprego digno que garanta a tranquilidade de todos. Faltam muitas coisas. É cruel.
É cruel, assim como o mito social, que diz que "trabalhar é melhor do que fazer coisa errada". O problema é que a criança que trabalha estuda menos e tem menos chances de romper o ciclo da pobreza. Está condenada à miséria, à baixa escolaridade, aos riscos de acidentes, ao cansaço físico, à perda da infância... a consequências físicas, emocionais e econômicas irreparáveis.
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