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Direitos da criança e do adolescente

Crianças promovem mediação de conflito em Heliópolis

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Por Redação
Atualização:

A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Campos Salles, em Heliópolis, periferia de São Paulo, é conhecida por fugir dos padrões tradicionais de ensino. Em minha primeira visita ao colégio, logo me surpreendi por um grupo de mediação de conflitos, formado por estudantes.

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Ao chegar, fui encaminhada a uma sala para aguardar quem me receberia. Sem querer, interrompi a conversa de alunos de cerca de 10 anos. Eram oito meninos e meninas em volta de uma mesa, discutindo o comportamento de um dos participantes, que agredia verbal e fisicamente, segundo o grupo.

Eles permitiram que eu permanecesse na sala, em silêncio. O mediador conduzia com inteligência a conversa, dividida em três etapas. Na primeira, foi explanado o problema. Depois chegou a hora de falar sobre os aspectos positivos do menino sabatinado. Por fim, o compromisso.

No primeiro momento, a equipe tentava convencer o menino que não era necessário ser tão agressivo.

- Por que você brigou com a professora? Você acha certo falar essas coisas?

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O clima estava tenso, até que o aluno confessou que andava mesmo nervoso, porque a família enfrentava dificuldades financeiras e que, por isso, ele passou a vender limões na feira.

- "Eu também fico preocupada quando meus pais enfrentam dificuldades", disse uma das meninas.

- "Quando você crescer, você pode abrir uma loja de limões", complementou a outra.

Foi assim que eles partiram para a etapa dos elogios. Cada um falou um pouco sobre os pontos positivos do estudante. Por fim, votaram que a mãe dele não seria chamada à escola e que ele receberia mais uma chance.

 A Escola

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Este é apenas um dos exemplos da gestão democrática da escola, que transformou a comunidade. Até a década de 90, a Campos Salles enfrentava problemas como violência, alto índice de evasão escolar e falta de professores. Em busca de melhorar as condições, o diretor Braz Nogueira passou a dialogar com a comunidade e a refletir sua proposta pedagógica.

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Com o assassinato de uma aluna em frente ao colégio em 1998, as reivindicações por paz aumentaram, as grades que cercavam a escola caíram e tudo foi revitalizado.

Atualmente, o colégio está inserido dentro do Céu Heliópolis, um grande completo que oferece teatro, cinema, biblioteca, tecnologia, esportes e muitas outras atividades. Foi desenvolvido o conceito de bairro educador, onde se acredita que toda a comunidade e todos os equipamentos da região ensinam - e não apenas as escolas.

Inspirada na Escola da Ponte, de Portugal, os alunos se reúnem em grandes salões, quatro por turno. Não há salas de aulas e nem divisão por disciplinas. Todos votam os temas de estudos em assembleias e, a partir dos temas, os professores desenvolvem planos interdisciplinares. Conheça os princípios da escola:

- Escola como centro de liderança.

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- Tudo passa pela educação.

- Autonomia.

- Solidariedade.

- Responsabilidade.

É realmente inspirador!

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