5 perguntas para Oscar Niemeyer

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Por Redação
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Plural - O que está projetando de mais novo?

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Oscar Niemeyer - Uma escola de música, no estado de São Paulo, e um teatro voltado a espetáculos musicais, Puerto de la Música, em Rosário, na Argentina, com capacidade para 2 mil lugares.  

O distanciamento temporal do projeto de Brasília faz com que o senhor tenha, hoje, qual percepção da cidade, que vai completar 50 anos na próxima quarta?

Uma cidade que continua a crescer num ritmo impossível de conter, a revelar os problemas que afligem as metrópoles modernas. Guardo, no entanto, de Brasília as melhores lembranças: recordações muito especiais de um tempo em que preponderava um ambiente de confraternização e solidariedade. Nós, arquitetos, e os operários todos iguais, experimentando os mesmos incômodos, partilhando as mesmas alegrias e preocupações.  

Há uma frase atribuída ao senhor: "Estou me lixando para os clientes". Ainda pensa assim?

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Acredito que nunca tenha dito isso. É provável, até, que eu possa, num momento de mau humor, ter reclamado de algum cliente... Procuro sempre receber aqueles que se interessam em solicitar um projeto com a maior boa vontade e me empenho em atendê-los da melhor maneira possível, jamais subestimando o programa apresentado. Talvez nisso resida o sucesso do meu escritório no Rio.  

Que conselhos daria aos arquitetos que ainda virão?

Aos futuros arquitetos, sobretudo aos jovens estudantes dos cursos de Arquitetura, sempre recomendo que se voltem permanentemente à leitura, em particular, à leitura dos clássicos da literatura e do pensamento filosófico e político. Essa é a melhor maneira de eles não perderem o seu interesse pelas questões mais importantes - sobretudo pela luta por um mundo mais justo e fraternal - e não ficarem presos apenas aos assuntos da profissão. É evidente que a arquitetura é importante; no entanto, mais importante do que ela é a vida e este mesmo mundo que um dia iremos transformar.  

O que é a existência para o senhor, que já viu tanta coisa passar? 

Uma vez respondi a uns colegas do jornal O Pasquim: a vida é mulher do lado, e seja o que Deus quiser. Essa é a mensagem que deixo para vocês, que, espero eu, não devem perder a confiança em podermos sempre fazer a vida mais solidária, o ser humano procurando compreendê-la em suas misérias e grandeza.

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Arte: Pedro Bottino

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