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Descobertas arquitetônicas inusitadas.

Edifício Leny : Um negócio de família

A historia do "Leny" se parece com a de muitos outros edifícios dos anos 1930/1940.

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Por Matteo Gavazzi
Atualização:

Os Imigrantes vinham de longe, conquistavam com esforço seu lugar na sociedade e reinvestiam seus ganhos no "tijolo".

Não foi diferente para Rosário Caltabiano que, emigrado da Itália nos anos 1920, representaria com sucesso as marcas americanas Cadillac, Chevrolet, Chrysler e GM(General Motors) no Brasil.

 

Acervo/Estadão  

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Ao longo dos quase 100 anos que passaram seus filhos e netos souberam manter a empresa nos trilhos, instaurando novas parcerias, com a Willys, Ford, Mercedes-Benz, Land Rover, e BMW/Mini Motors.

Seria então as dos Caltabiano, mais uma historia de Imigrantes italianos que construíram suas fortunas "nas Américas".

Naquela São Paulo que crescia como nenhuma cidade no mundo, Rosário, como todo bom imigrante, investia em imóveis, para moradia de sua Familia e para renda.

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Nesse cenário, na década de 1940, foi construído o Edifício Leny, em plena segunda guerra mundial, entre os anos de 1940-1944.

Escritura de 1944 para a constituição do Edificio Leny Foto: Estadão

Como pode-se ler no próprio documento a cima, Rosário moraria na unidade 801, a mais alta do recém inaugurado edifício.

Foto : Rafael Moreira D'Andrea Foto: Estadão

O nome do prédio seria uma homenagem a sua filha Leny. Morta prematuramente em 1933.

Acervo/Estadão 1934  

Reza a lenda, entre os moradores mais antigos, que o terreno da garagem, atras do prédio serviria de oficina para os veículos da firma. Fato provável se pensarmos que a revenda dos automóveis ficava ali perto, na Rua das Palmeiras n. 1.

A Historia parece ainda mais verídica se considerarmos que as matriculas dos dois terrenos nunca foram unificadas em uma sò(hoje o local serve de garagem para os proprietários dos 8 aptos do Edifício).

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Pelo que pude pesquisar o prédio pertenceu a família como um todo até os anos 1960 quando os filhos de Rosário começaram a vender suas unidades pulverizadas.

Espanta, positivamente, a qualidade dos materiais e a cura nos detalhes. Antes mesmo de por os pés dentro do prédio já se percebe o bom gosto pela arcada revestida em em mármore que carrega os dizeres Edifício Leny numa belíssima e rebuscada fonte em bronze.

Foto : Rafael Moreira D'Andrea Foto: Estadão

Em cada andar existe uma porta com entalhe diferente em madeira nobre.

Foto : Rafael Moreira D'Andrea Foto: Estadão

Ao entrar nos aptos(cada um tem cerca de 125m2) nos deparamos com a ante-sala ou galeria, ambiente comum na Europa mas pouco visto e utilizado no Brasil, já que seu escopo era criar uma descompressão entre o "dentro e o fora", evitando que o frio entrasse e que o calor dos caloríferos se dispersasse. Logo ao lado da porta de entrada encontramos um armário que faz as vezes de chapeleira.

 

Galeria & Chapeleira / Foto : Rafael Moreira D'Andrea Foto: Estadão

O Apartamento conta com 2 dormitórios amplos e um banheiro social literalmente gigantesco, totalmente revestido em mármore verde, com box para chuveiro das dimensões de um banheiro inteiro se comparado com os dias de hoje.

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Foto : Rafael Moreira D'Andrea Foto: Estadão

O ponto forte do apê com certeza è a sala, com lareira e nichos em granito.

Foto : Rafael Moreira D'Andrea Foto: Estadão

A cereja do bolo è a incrível varanda "ondulada" que confere um fascino único para a fachada.

Varanda / Foto : Rafael Moreira D'Andrea Foto: Estadão

 

Foto : Rafael Moreira D'Andrea Foto: Estadão

Conhece um Arqui-Achado que eu possa pesquisar e divulgar? Me escreva (matteo@refugiosurbanos.com.br)

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