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As inquietações de uma mãe de primeira viagem

O dia em que Jair Rodrigues cantou para a Valentina

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Por thaisarbex
Atualização:

Faz exatamente um mês que vi e ouvi Jair Rodrigues pela última vez. Foi na estreia de uma série de shows que seu filho, Jair Oliveira, o Jairzinho, fez no MuBE para comemorar os 30 anos de carreira. Ao lado da mulher, Clodine, Jair assistiu a apresentação do filho bem atrás de mim, na última fileira do teatro - com aquela alegria que lhe era característica. Cantando, batucando e aplaudindo. Foi homenageado em dois momentos: logo no começo do show, quando Jairzinho cantou Disparada - música que, interpretada pelo pai, dividiu o primeiro lugar com A Banda, de Chico Buarque, no Festival de Música Popular Brasileira de 1966; e quando foi chamado ao palco para o "deixa que digam que pensem que falem". Jair cantava e dançava o "mãozinha com mãozinha pra lá e beijinhos e beijinhos pra cá" e a Valentina pulava na minha barriga. Na fantasia de mãe, imaginava que, naquele momento, ela deveria estar com um sorriso de orelha a orelha já pedindo bis. Terminado o show, espontâneo que ele só, Jair sentou no balcão onde a mulher havia arrumado os CDs do marido - os álbuns Samba Mesmo com sua discografia - e os DVDs do filho - Jair Oliveira 30 - para vendê-lo. A cada pedido de foto e autógrafo, Jair Rodrigues pulava no chão, como um garoto. Esperei uma fã fazer um "selfie" ao lado dele e me apresentei. Queria saber se topava me dar uma entrevista. Clodine entrou na conversa, ficamos de nos falar por email. Dias depois, meu reencontro com Jair Rodrigues foi marcado. Seria na segunda-feira, dia 12, na casa dele em Cotia - onde hoje, aos 75 anos, foi encontrado morto. Não deu tempo. Mas o que mais me dói é pensar que a conversa estava agendada para o dia 23 de abril e foi adiada por desencontros de horários. Hoje nosso reencontro foi adiado mais uma vez. A Valentina não vai se lembrar. Mas não vou deixá-la esquecer que fomos juntas a um show do Jair Rodrigues. E que ela dançou sem parar.

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